sábado, 4 de dezembro de 2010

Gravação #1 - O Homem Desenraizado

Ontem, saí com a Meg Yamagute, a fotógrafa do filme, para gravarmos um depoimento que é a primeira cena do filme. Fomos para um parque chamado Koishigawa Korakuen, no distrito de Bunkyo.

Essa primeira cena conta um sonho recorrente que eu tinha durante alguns dos meus primeiros anos no Japão. Eu sempre sonhava que ia para o Brasil e não conseguia voltar pro Japão.

O filósofo Tzvetan Todorov, que nasceu na Bulgária e é radicado na França, relata um sonho semelhante em seu livro O Homem Desenraizado. É a agonia de quem vive a incerteza.

Segue umas imagens que eu fiz da nossa fotógrafa em trabalho. Fiz com a Harinezumi e parece que a qualidade não ficou muito boa desta vez. A música é do projeto The Kyoto Connection.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Amo o Brasil: Dilemas existenciais virando ingrediente para documentário

Oi, gente. Hoje estou abrindo os trabalhos de "Amo O Brasil", o documentário através do qual eu pretendo contar um pouco da minha história com o Brasil, um pouco da minha história no Japão e, principalmente, histórias de japoneses e japonesas que são apaixonados pelo Brasil.

A ideia partiu de um sentimento muito forte que eu tenho com relação ao Brasil. Por um lado, quis muito sair do país e tenho muito medo de ter que voltar a viver nele. Me sentia excluído, discriminado e, sobre tudo, alienígena na Pátria-amada-mãe-gentil. Por outro lado, ao chegar no Japão, fui me orgulhando do quanto muitos japoneses amam a cultura brasileira. E eu, que nunca tive dúvidas do valor cultural do que muita gente criativa produz aí no Brasil, passei a ter mais certeza de que queria compartilhar o meu conhecimento sobre o país com os japoneses, ao mesmo tempo em que aprendia mais sobre o país deles.

Em dado momento, percebi que muitos japoneses vêem no Brasil coisas que me parecem folclóricas ou mesmo fakes. Mas que, mesmo assim, para eles têm muito valor. No momento, sinto que meus conceitos sobre o Brasil estão em cheque, do mesmo modo que minha relação de rejeição para com o país vive momentos intensos de conflito. De um lado, esse Brasil amoroso e aconchegante que os japoneses amam. Do outro, um Brasil racista, violento, homofóbico e preconceituoso que se revelou com força total nas eleições presidenciais.

Afinal, o que faz de nós brasileiros? Afinal, quem sou eu? Que brasileiro sou eu? Isso realmente importa? O Brasil de verdade é o amado pelos japoneses ou o explicitado durante as eleições? Quantos brasis existem em nossas imaginações? Onde eu quero estar depois de tudo isso. Estamos abrindo os trabalhos de AMO O BRASIL!